terça-feira, dezembro 12, 2006





Do Barão de Água Izé ao Visconde de Malanza
-Da prosperidade do cacau ao declínio das roças-



Visconde de Malanza com familiares e amigos, albumina de José Augusto da Cunha Moraes, SãoTomé 1894. Colecção Ângela Camila Castelo-Branco e António Faria


A João Maria de Sousa Almeida, (1816 / 1869) se deve o incentivo do cultivo de cacau e a introdução do cultivo da árvore Fruta Pão em S. Tomé. Nasceu na ilha do Príncipe, a 12 de Março de 1816. A família tinha nesta ilha o seu solar, possuindo seu pai o coronel Manuel de Vera-Cruz e Almeida, importantes propriedades e exercendo nela grande influência. A Ilha do Príncipe acolheu a capital do arquipélago de São Tomé entre 1753 e 1852, ano em que voltou para a ilha de S. Tomé. Benemérito que sempre foi, entre inúmeras acções em prol do bem estar nas ilhas, oferece gratuitamente todo o óleo necessário para iluminação pública da cidade. Estas e outras qualidades valeram-lhe a distinção pelo Rei D. Luís com o titulo com que se celebrizou Barão d’ Água Izé
Jacinto Carneiro de Sousa, 1º Visconde de Malanza, (1845/1905), fidalgo cavaleiro da Casa Real, nasceu na Ilha do Príncipe, filho de João Maria de Sousa Almeida, 1º Barão de Água Izé. Em 1852 vem para Lisboa estudar no Colégio de Nossa Senhora da Conceição. Herda de seu pai em São Tomé, os prazos: Alto Douro e Monte Belo, casa-se com a sua sobrinha Dona Pascoela Correia de Almeida. O título “Malanza”, refere-se a um dos lugares mais agradáveis da Fazenda Porto Alegre, fundada por Jacinto Carneiro de Sousa no extremo meridional da ilha de S. Tomé.
Sendo um dos roceiros mais importantes de São Tomé, participou na Exposição Insular e Colonial, realizada no Porto no Palácio de Cristal em 1894, com produtos produzidos na Roça de Porto Alegre, pelos quais foi agraciado com várias medalhas de Ouro e Prata. No final da exposição, os produtos nela expostos foram ofertados à Rainha D. Amélia.


Visconde de Malanza com familiares e amigos, albumina de José Augusto da Cunha Moraes, São Tomé 1894 Colecção Ângela Camila Castelo-Branco e António Faria


Em 1875 uma lei determina para o ano seguinte que em todos os domínios da Coroa portuguesa, seria eliminada a condição servil da raça negra. Os roceiros prontamente se adaptaram contratando os trabalhadores negros agora livres. Foi difícil depois controlar essa força de trabalho que desertava das roças e dos centros urbanos. A crise braçal trouxe transferências na titularidade da terra e uma renovação do grupo de roceiros, através do envolvimento do Banco Nacional Ultramarino - BNU acentuou-se a europeização dos proprietários de roças - Henrique Lopes de Medonça, José Constantino, Marquês de Val Flor a partir de 1880.
As grandes roças acabariam todas nas mãos das grandes companhias ultramarinas e da banca com destaque para o BNU que detinha a maioria das penhoras aos bens dos roceiros de S. Tomé e do Príncipe. O Visconde de Malanza viria a morrer na miséria em Lisboa no ano de 1905.
As contingências da história estavam traçadas nestas terras onde a civilização ainda hoje não conseguiu dominar a natureza.

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